sábado, 30 de novembro de 2013


O que realmente é importante



Quando chegamos a certa idade nossos valores mudam, ou pelo menos deveriam mudar.
Passamos a dar mais valores ao interior que ao exterior, passamos a enxergar a vida por outro prisma.
O que nos era tão importante no passado perde todo o seu valor, e passamos a ter valores um pouco diferente.
Não me refiro aqui aos bons valores morais, honestidade, respeito, amizade,  têm  os mesmos valores da juventude.
Mas o dinheiro, o exibicionismo, estética, certos preconceitos, pelo menos alguns tendem a mudar.
Eu nunca fui preconceituosa, mas confesso fui vitima de muito preconceito.
E hoje um dos temas mais debatidos são As mulheres gordas, talvez por causa de uma personagem de uma novela da TV Globo, onde uma das personagens é uma pessoa boa, porém gorda. E esta mesma personagem sofre pressão da Família e até do marido para fazer dietas e ficar magra. Tal ponto é a pressão que numa destas dietas ela vai parar num hospital. Só ai se dá conta que ninguém realmente a ama, nem o marido, porque se a amasse ele não tentaria mudar seu corpo. Ele ama seu espírito, sua maneira de ser, mas quer que tudo que ele gosta venha dentro de uma embalagem que lhe encha os olhos.
Eu nunca fui realmente magra, sempre estive um pouco acima do peso. Pelo menos enquanto tive saúde. A fisiologia da mulher foi feita para acumular gordura. Gravidez, menopausa, hipotireoidismo, hormônios, tudo colabora para que o peso aumente, a silhueta modifique.Mas as exigências da sociedade parecem não levar isso em conta.Mulheres acima do peso são consideradas desleixadas, preguiçosas e indisciplinadas.Não creio que esse padrão de beleza venha a mudar.Logo, haverá necessidade de mais uma lei, esta para proteger as "gordas" de discriminação e preconceito.Tal como fizeram com os negros.
Sou de estatura baixa, mas com ossos grandes, resultado de minha infância e juventude, quando pescava com meu pai, enquanto eu remava ele pescava isto desenvolveu muito meus braços e peitoral. Mas não me arrependo, porque nada nem ninguém podem substituir as minhas alegrias daquela época.
Também já fui muito magra, em algumas ocasiões. Aos 23 anos quando tive meu filho, e havia passado 48 dias hospitalizada, vítima de malária e hepatite, ao dar a luz eu pesava 47 kg, Confesso que não me achei nada bonita, e assim que pude recuperei meu peso e voltei aos meus 56 kg. Aos 34 anos vitima de uma tumor no útero voltei a perder peso ,cirurgia, Quimioterapia e  lá estava eu com 45 kg,eu tinha apenas osso e pele,foi um ano de tratamento e eu me sentia muito fraca, e mesmo magra, eu não me senti nada bonita, sentia falta dos meus 59 KG.
Aos 36 anos minha mãe adoeceu, e a incumbência de cuidar dele tomei para mim.E foram dois anos, dos quais 3 meses dentro de um hospital, o sofrimento dela não me deixavam dormir nem me alimentar, e outra vez meu peso chegou a 45 kg quando de seu falecimento, e mais uma vez eu não me senti feliz estando magra.
Em dois anos recuperei meus 59Kg, e então veio a notícia que estava com um tumor nos ovários, e mais uma vez, cirurgias, químios, e de volta aos 45 kg, desta vez por ter minha própria loja tive que voltar a trabalhar mesmo  fazendo tratamento com quimioterapias e usando lenços para esconder a falta de  cabelo,eu perdia peso a olhos vistos e as pessoas me olhavam com piedade, como de a qualquer momento viessem a receber a notícia do meu desencarne.Mas com os meus 45 kg eu ainda guerreei  com a morte e á venci.Muitas pessoas que acompanharam a minha luta pela vida e que leem este blog conhecem bem minha história.
Após esta cirurgia, da retirada dos ovários, perdi alguns dos meus hormônios, e precisava repolo. Depois de muitos testes com diversos hormônios descobriram que eu não poderia  fazer uso deles, pela minha predisposição ao câncer, ele fatalmente me levaria a um câncer de mama.E eu não faço uso deles. Com isto meu metabolismo mudou e eu passei a engordar,quando cheguei aos 65 kg procurei um médico para ver o que poderia ser feito, uma vez que eu estava ganhando peso excessivo. E a resposta foi taxativa, eu me alimentava corretamente e não tinha como me impor uma dieta, que era meu metabolismo que havia mudado, e apenas os hormônios o fariam mudar. E ele me fez a pergunta crucial, para você usar um manequim 38 é mais importante que sua vida?
E eu respondi que não, que ainda havia muito por fazer. E tomei a decisão de começar realmente a viver, fazer as coisas que realmente eu gostava, abandonei tudo e assim o fiz.
Não creio que ser um cabide para desfilar roupas iria me fazer mais feliz do que sou hoje.
E acredito que quem gostar de mim irá gostar pelo que sou,não pelo que aparento,com 80 ou 100 kg sempre serei o que sou, e é isto que não quero mudar. Tudo que for material, deixarei neste mundo quando partir, até mesmo este corpo que me foi dado para que pudesse cumprir minhas atividades na Terra.Levarei comigo apenas minhas ações, e eu espero que estas ações sejam muito boas.
Ass: Almerinda Edite